quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Hesse

Comecei hoje a ler um livro que há muito queria ler. Lembro de tê-lo comprado no aeroporto, numa viagem dessas da vida e, se não me engano, estava indo pra Belo Horizonte (ou voltando de lá?). Eu tenho dessas: compro livros (ou comprava, quando os bolsos permitiam) que, geralmente, quero muito ler, que já conheço de alguma forma e volto pra casa dizendo a mim mesma que iniciarei imediatamente a leitura. Mas, não é assim que acontece. O livro chega e acaba indo parar numa gaveta, ou na estante, porque me pega lendo dois ou três outros livros. E assim, o tempo vai passando, o livro fica lá, “mofando”, porque depois de terminar a leitura dos tais “dois ou três outros livros”, inicio outros e não aquele que me parecia tão vital, tão urgente. E a magia nisso tudo é que acabo lendo o que preciso na hora em que preciso. O Lobo da Estepe chegou há alguns anos em minhas mãos, mas agora tem um significado particular...

Resenha:

Harry Haller é um homem de 50 anos que acredita que sua integridade depende da vida solitária que leva em meio às palavras de Goethe e as partituras de Mozart; um intelectual tentando equilibrar-se à beira do abismo dos problemas sociais e individuais, ante os quais a sua personalidade se torna cada vez mais ambivalente e, por fim, estilhaçada. A primeira parte do livro é o pesadelo do lobo Haller, sua depressão e sua incapacidade de se comunicar que está na base da crueldade e da autodestruição. Na segunda o lobo se humaniza, através da entrada em cena de Hermínia, que tenta reaproximá-lo do mundo, no caso uma comunidade simplória, com salas de baile poeirentas e bares pobres.


Trecho do livro:

"...a enfermidade daquele paciente não provinha de qualquer deficiência de sua natureza, mas, ao contrário, tão somente da não lograda harmonia entre a riqueza de seus dons e sua força. Convenci-me de que Haller era um gênio do sofrimento; que ele, no sentido das várias acepções de Nietzsche, havia forjado dentro de si uma capacidade de sofrimento genial, ilimitada e terrível. Também me apercebi de que a base de seu pessimismo não era o desprezo do mundo, mas antes o desprezo de si mesmo, pois, podendo falar sem indulgência e impiedosamente das instituições e das pessoas, nunca se excluía a si próprio; era sempre o primeiro a quem dirigia suas setas, o primeiro a quem odiava e desprezava."

Amo Hermann Hesse! ^^

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